(2018)
PT
Não Ser e Estar é uma série de quatro maquetes/esculturas representando moradias de pessoas em situação de rua. Elas foram inspiradas em locais reais na região central de Porto Alegre onde se encontram essas edificações temporárias. A ideia do projeto foi uma resposta direta ao texto do edital da exposição registro n. 2 (2018) da Casa Baka, por Charlene Cabral e Diego Groisman.
Desde o primeiro momento, meu objetivo foi trabalhar em uma zona limítrofe, abordando as aflições dos sem teto através das técnicas frias de um projeto arquitetônico. É dessa tensão entre o analítico e o dramático que eu pretendo que brote o interesse pela obra. Dentre outras questões, quero levantar a possibilidade de que a pobreza retratada nesses trabalhos não é mero acidente, pois é muito provável que essa categoria de degradação humana seja parte dos objetivos e metas de governos neoliberais.
Não se trata de apropriação cultural, pois a miséria não é uma forma de cultura. Trata-se de forçar o olhar do público – de maneira não-catártica – às vidas de seres humanos economicamente excluídos.
Não ser e Estar foi selecionada para a exposição-ativação-desafio da Casa Baka e posteriormente Martin Heuser foi um dos 10 finalistas da Mostra Coletiva 2º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea com trabalhos da série.
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EN
Non-being and Staying is a series of scale models/sculptures depicting makeshift shelters of homeless people. They were inspired by increasingly common real places in downtown Porto Alegre, the region where Martin Heuser lives. The idea of the project was a direct response to the call for works for the exhibition registro n. 2 (2018), by curators Charlene Cabral and Diego Groisman, in which they point out to our country's failure at the social inclusion of a substantial part of our population, calling this complex problem “internal debt.”
From the outset, my objective was to work on a boundary zone, addressing the afflictions of the homeless through the cold-blooded techniques of an architectural project. One of the things I wished to address is the possibility that the poverty I portray is not mere accident, for it is very likely that this category of human degradation is part of the goals of neoliberal governments.
It is not about cultural appropriation, since destitution is hardly a form of culture. It is about forcing the viewers' gaze – in a non-cathartic way – towards the lives of economically excluded human beings.
Non-being and Staying was selected for Casa Baka's exhibition registro n. 2 and later Martin Heuser was one of the 10 finalists of the collective exhibition of the 2018 Alliance Française Contemporary Art Prize with the same works.